“A CARTOMANTE” –
ANÁLISE SEMIÓTICA DO CONTO DE MACHADO DE ASSIS E OS TRÊS FINAIS ELEITOS PELA
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
Alexandre Luís Gonzaga - UEMS
RESUMO:
A Cartomante é o conto de Machado de Assis que a Academia Brasileira de Letras
elegeu para um concurso lançado na internet,
onde os participantes escreveriam um novo final sem acréscimos maiores. Foram
então escolhidos três textos finalistas. Partindo do conto machadiano e dos
três (3) textos vencedores do concurso fez-se aqui uma breve análise semiótica.
Analisa-se o percurso narrativo e as paixões segundo pressupostos greimasianos
onde se discute as oposições binárias de sujeito/objeto, e de onde se estabelecem
três categorias esquemáticas: sujeito deseja objeto e investe neste desejo (1ª
categoria); assim o destinatário é o objeto de desejo e destinatário de
comunicação (2ª categoria); e cumpre uma função como adjuvante ou oponente ao
mesmo tempo em que cria condições para realização ou cria obstáculos à
frustração do desejo (3ª categoria). As interações passionais entre os actantes
operam, com efeito, no interior de um simulacro oriundo da debreagem passional,
e também a infidelidade se configura como objeto modal. a consequência é que os
actantes do triângulo inicial cindir-se-ão em sujeitos modais e em diversos
papéis que não necessariamente coincidirão com os papéis iniciais Por fim
examina-se o desfecho do texto melhor classificado segundo a ótica do que é
crime passional.
Palavras-chave:
semiótica das paixões, programa narrativo, crime passional.
1 Introdução
Diante de fatos sociais ou particulares,
e também de pessoas, estamos constantemente fazendo avaliações ou juízo de
valores. Machado de Assis cria uma narrativa que por um lado expõe uma visão
objetiva, porém negativa diante de alguns fatos da vida em sociedade e do
mundo, numa visão mais ampliada. No alto de sua criatividade, Machado de Assis
usa da ironia para criticar o lado humano das relações, afetivas entre
personagens deixando para o leitor o julgamento de seus comportamentos éticos.
Neste conto, em linguagem escorreita e
discreta, o narrador onisciente inicia a obra citando Shakespeare para mostrar
toda a subjetividade e precariedade da sorte do homem. Na sua reflexão,
aspectos de referência como localização no tempo e no espaço adquirem menor
importância, e destaca mais características psicológicas dos personagens.
Aqui se buscará analisar o processo de
construção de sentido, inicialmente dentro de um percurso gerativo, e de forma
breve, os níveis que compõem o percurso. Posteriormente se focará nos textos
produzidos como finais alternativos ao conto, resultado de concurso realizado
pela Academia Brasileira de Letras[1]
(ABL).
2 A narrativa
O conto A Cartomante foi publicado a primeira vez na Gazeta de Notícias do Rio
de Janeiro, em 1884 e no livro Várias Histórias, em 1896. A história tem um tom
pessimista com a qual Machado de Assis tece uma crítica severa à hipocrisia do
homem e da sociedade.
A trama inclui quatro personagens
principais (Vilela, Camilo, Rita e uma Cartomante) dentro de um enredo cujo
tema principal é um triângulo amoroso com adultério. Há uma personagem que,
embora secundária, influencia determinantemente o enredo, a morte da mãe de
Camilo. A partir desse fato narrativo vê-se o envolvimento amoroso entre os
personagens Camilo e Rita.
A narrativa em terceira pessoa, com
narrador onisciente, se inicia no momento após a personagem Rita consulta uma
cartomante, porque acreditava que seu amante estava deixando de amá-la, pois
Camilo (o amante) estava deixando de frequentar sua casa. Após o mal-entendido
estar desfeito o narrador faz uma volta no tempo, caracterizando uma anacronia
textual, para explicar a origem dos fatos.
Vilela, Camilo e
Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela.
Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de
magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria
vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe
lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da
província, onde casara com uma dama formosa e tonta [...]. (Assis, 1994, v.II)
Quando ocorre a morte da mãe de Camilo,
Vilela cuida do enterro e inventário para ajudar o amigo. Rita trata do
coração. A amizade torna íntimo e estreito o contato entre Rita e Camilo,
contato esse acentuado com a morte da mãe de Camilo. De início Camilo tenta
evitar, mas enfim deixa-se seduzir pela esposa do amigo. Até que em dado
momento Camilo recebe uma carta anônima cujo conteúdo indicava ser claro e
notória o romance proibido. Temendo, aos poucos deixa de frequentar a casa do
amigo, o que deixa Rita preocupada. Tal insegurança leva-a a consultar uma
cartomante.
Finda a recapitulação, parte o narrador
para o ponto alto do conto, o bilhete que Camilo recebe de Vilela apenas com a
mensagem “Venha já, já”. Seu raciocínio leva-o a deduzir que o amigo já
descobriu o romance. Parte imediatamente, mas seu tílburi fica preso no
trânsito e coincidentemente perto da casa da cartomante. Decide consultá-la,
apesar de um conflito de consciência sobre. Aliviado com o veredicto positivo,
retoma o caminho despreocupadamente para a casa do amigo. Tão logo foi recebido
pôde ver o rosto transtornado do amigo e o corpo de Rita sobre o sofá. Assim é
que se torna a próxima vítima do marido traído.
Deve-se observar que o anticlímax já
aparece na introdução, quando o narrador cita Hamlet e prepara o leitor para um
final em que o misticismo e o mistério estão presentes.
O conto, como gênero textual, é
característica do estilo de Machado de Assis. Observa-se que os personagens não
têm um comportamento previsível, o que confere verossimilhança ao texto. A
narrativa onisciente dá uma dinâmica interna ao texto que mantém o leitor
atento ao desdobramento da história e acentua a dramaticidade dos conflitos
conscientes e inconscientes dos personagens. Este conto tem uma estrutura
narrativa dividida em três partes, essa divisão dá maior força ao epílogo, que
é também a parte onde pode-se conferir os finais ditos “alternativos”. .
No nível das estruturas fundamentais propostas
por Barros (1997), o sentido do texto é construído a partir da oposição
semântica esquecer – não esquecer, ou entre a oposição entre marido – amante.
Assim, esse texto pode ser visto como resultado de um fazer persuasivo (Rita seduz e trai) do sujeito enunciador e de um fazer interpretativo do sujeito
enunciatário (como Camilo interpreta a ida dela à cartomante e como Vilela
interpreta a traição).
Essas oposições se manifestam de formas
diversas: “tinha medo que você me esquecesse / não diga isso [...] se você
soubesse como tenho andado, por sua causa”; “os olhos teimosos de Rita, que
procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao
marido”.
A categorização fundamental no texto é
positiva (eufórica) quando o narrador diz ao leitor “A prova é que ela agora
estava tranquila e satisfeita” ou “Separaram-se contentes, ele ainda mais que
ela, Rita estava certa de ser amada”. A categorização negativa (disfórica) é
exemplifica no seguinte excerto: “Rita, desconfiada e medrosa correu à
cartomante”, ou “Nem por isso Camilo ficou mais sossegado, temia que o anônimo
[...]”. Indo além das categorizações, pode-se perceber que o conto em exame,
passa da dominação positiva à liberdade negativa.
Amizade romance mortes
(não-euforia) (euforia) (disforia)
Assim podemos perceber o conteúdo mínimo
fundamental exposto por Barros, (1997), em relação ao conto em análise como
sendo inicialmente um estado aparente não eufórico, quando os personagens ainda
mantinham uma relação convencional de amizade forte (Vilela-Camilo), passando à
euforia devido à convivência que leva à intimidade (Camilo-Rita) e termina em
disforia (Vilela-Rita e Vilela-Camilo).
3 Programa
Narrativo (PN)
Os enunciados do fazer regem os
enunciados de estado, assim Barros (1997) define o programa narrativo, e ainda
nas palavras de Barros (2001), pelo fato de transformar estados, o sujeito do
fazer altera a junção do sujeito do estado com os valores e, portanto, o afeta.
PN1
= F (Rita encontra Camilo depois de consultar a cartomante)
[S1 (Rita) ___ (S2
(Camilo) ∩ Ov (amor de
Camilo, satisfação do desejo))]
PN2
= F (morte da Mãe de Camilo)
[S1 (Vilela) ___ (S2
(Rita) U Ov
(caso de Rita, início relacionamento extraconjugal de Rita))]
PN3
= F (Camilo recebe bilhete de Vilela)
[S1 (Camilo) (S2 (Camilo)
U Ov (caso
com Rita, medo da descoberta))]
PN4
= F (Vilela mata os amantes)
[S1 (Vilela) – (S2
(Rita) U Ov
(descoberta da traição, homicídio de Rita))]
[S1 (Vilela) – (S3
(Camilo) U Ov (descoberta
da traição, homicídio de Camilo))]
No conto em análise temos o sujeito
Vilela se casando com Rita, ou seja, Vilela como S1 entra em
conjunção com o objeto [S1
(S1 U Ox S1 ∩ O) – apropriação]. Posteriormente
encontra seu amigo de infância Camilo que torna-se amante de Rita, ou seja,
Camilo como S2 entra em conjunção com o objeto de valor de Vilela, o que
caracteriza a espoliação do objeto de Vilela (S1). E finalmente
temos Vilela descobrindo a relação secreta e assassinando Rita, caracterizando
aqui a disjunção com o objeto de valor por privação.
A fim de se compreender como se dão as
relações de transitividade entre os actantes, recorre-se aqui ao enredo,
entretanto descrever-se-á linearmente a sequência de ações.
Vilela casa-se com Rita F [S1 (S1 ∩ O)];
esta aquisição (natureza da função) do objeto tem relação reflexiva no texto.
Camilo torna-se amante de Rita, ou seja,
adquire o objeto de valor de Vilela, este, então, é privado de seu objeto de
valor por espoliação. :
F [S1 (S2 ∩ O S2 U O)]
Examinando por outro ângulo, tem-se a
primeira parte do conto onde, com forte caráter ingênuo, segundo o narrador,
Rita consulta uma cartomante porque acreditava que seu amante, Camilo, deixara
de amá-la por não mais visitar-lhe a casa.
Aqui vê-se o PN em que Rita é casada com
Vilela e torna-se amante de Camilo:
S1 (S1 ∩ O1 S1 U O1) por
doação.
(S2 U O2 S2 ∩ O2) por
apropriação
(Rita = S1 S2 / Vilela = O1 / Camilo = O2
)
Assim, quando Camilo, sujeito do fazer,
conhece Rita, sujeito do estado, os valores modais do querer e do saber seduzir
caracterizam o PN de competência. O mesmo pode ser observado no excerto a
seguir, onde Rita está em posição oposta:
Camilo quis
sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando
dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o
veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos,
desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante.
Adeus, escrúpulos! (Assis, 1994, v.II)
Viu-se então Rita, sujeito do fazer,
seduzindo Camilo, sujeito do estado, compondo este PN também de competência. O
percurso do sujeito Rita deixa clara a sedução manipuladora, propondo um
contrato e exercendo a persuasão, levando Camilo, como destinatário, a
aceitá-lo.
Dentro de um programa narrativo, a
retribuição ou sanção pragmática (Barros,
1997), o sujeito é julgado positiva ou negativamente, recebendo recompensa ou
punição conforme o caso. No conto machadiano, a retribuição ocorre no final,
quando Vilela retribui à Rita e depois Camilo, ambos punidos, vitimados por uma
paixão incoativa, momentânea, como o é a ira (Fiorin, 2007).
4 Os textos
eleitos pela ABL
A fim de podermos diferenciar
adequadamente os textos eleitos pela ABL, atribui-se aqui para o texto
classificado em terceiro lugar a denominação texto final 3, para o classificado em segundo lugar a denominação texto final 2 e texto final 1 para o primeiro classificado, respectivamente.
Retoma-se então a linha construtiva do
conto para lembrar que sua estrutura tem a característica da anacronia por
analepse (recua a acontecimentos passados) para explicar ao leitor o que está
de fato acontecendo.
No texto final 3 um dos valores modais que se pode observar em Camilo é o dever-fazer apaziguar-se consigo próprio
e atender ao chamado do amigo, ou seja, retomar a paz interior e não deixar o
medo impedi-lo de dever atender ao
pedido. Assim, Camilo passa de sujeito virtual (do dever e querer) a sujeito real (do fazer, realizar). Ao chegar ao seu destino, encontra Vilela
pranteando seu abandono.
O desfecho proposto aqui insere um novo
personagem na história, um novo amante com quem Rita vai-se embora, abandonando
marido e o primeiro amante.
A representação do programa narrativo se
daria assim:
S1
(S1 ∩ O1 S1 U O1) por
doação.
(S2 ∩ O2 S2 U O2)
por doação
(S3
U O3 S3
∩ O3) por apropriação
(Rita = S1 S2 S3 / Vilela = O1 / Camilo = O2
/ negociante italiano = O3)
O percurso do personagem Rita na
narrativa três caracteriza-a num
programa de performance pois, como sujeito do fazer, é casada com Vilela, seduz
Camilo, e secretamente adquire um novo objeto de valor, um amante italiano. A
introdução desse elemento determina examinar a modalização do ser Rita e suas relações
com os objetos, ora verdadeira (no casamento com Vilela), ora falsa (com
Camilo) e depois secreta (com o negociante italiano).
As paixões incessantes de Rita,
marcadamente perceptível no texto três,
tornam necessário examinar as relações intersubjetivas do sujeito.
A teoria narrativa explicava o estado
das coisas, mas não o que Greimas chamou de estados da alma (Greimas, Fontanille,
1993). Os sentimentos não se opõem ao estado racional do ser, visto que é uma
forma que se poderia chamar de racionalidade discursiva. Nesse sentido, Fiorin
(2007) diz que a semiótica considera os efeitos afetivos ou passionais do
discurso como resultado da modalização do sujeito de estado; sendo o sujeito
uma imagem construída pelo próprio discurso, ainda nas palavras de Fiorin (2007).
Partindo então das premissas
greimasianas e relidas por Fiorin, chegamos ao fulcro da questão sobre o
sujeito Rita. O narrador em dado
momento diz, na voz de Camilo: “Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não
queria arrancar-lhe as ilusões”.
Depois na voz de narrador onisciente:
Voltou Vilela da província, onde
casara com uma dama formosa e tonta [...]
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada
e medrosa, correu à cartomante [...].(grifo nosso).
Mesmo sendo a personagem uma mulher de
trinta anos, mais velha do que o marido e o amante, envolvente como uma
serpente, pelo próprio ritmo narrativo, acredita-se que ela não teria a
competência de se apropriar de novo objeto, assim o desfecho não se encaixa nas
proposições iniciais de Machado.
5 O texto final 2
O autor do texto final dois repete a ideia anterior de
introduzir um novo personagem no final. É novamente um terceiro amante, o terceiro, que a tudo ignorava, e, sugere
o narrador; não teve envolvimento com o plano que leva ao desfecho final. A
morte como elemento presente no final da narrativa, como no original, confere maior
dramaticidade à narrativa machadiana. Aqui o evento tem um tom de duelo,
provocado pela descoberta do romance, mas simulado pela atuação de Rita, que
iguala as chances da disputa fornecendo aparato a Camilo, antes de adentrar a
saleta.
Vilela é um personagem que no desdobrar
do conto não enuncia discurso, embora esteja entre os personagens principais. As
características do personagem como sujeito e a configuração patêmica que
apresenta são observadas em poucos momentos do texto; tanto o conto considerado
com seu final original, quanto o observado neste texto com final alternativo. O
estado de alma deste personagem sofre alteração na terceira parte do conto,
como se verá a segui. Antes, porém, há que se distinguir o tipo de paixão do
sujeito Vilela e sua modalização.
As paixões, assim como os efeitos de
sentido, estão contidas no discurso, (Greimas, Fontanille, 1993). Apreender o
valor passional do discurso depende de uma coerência intrínseca à estrutura
discursiva projetada sobre os sujeitos, objetos e junção em separado ou
concomitantemente.
Para se poder perceber um valor patêmico
em um discurso deve-se ter em mente que o texto é o campo tensivo por
excelência, onde as polarizações (euforia/disforia) estão no mesmo nível das
manifestações lexicais, ainda de acordo com Greimas (1993, p. 23).
O estudo semiótico da tensividade
mostra, nas palavras de Fiorin, que as valências e suas subdimensões determinam
a natureza do sujeito (2007). Nessa linha, as valências como elementos do jogo
de oposições determinariam também o tipo de objeto.
As paixões então concebidas como
arranjos de modalidades compreendem dois tipos, as paixões simples e complexas.
As paixões complexas são derivadas de uma organização narrativa patêmica
específica, e sobre isso Barros (1990) observa que:
As modalidades
se organizam em uma configuração patêmica e desenvolvem percursos. Os percursos
modais sofrerão a variação tensiva própria da organização narrativa e
caminharão da tensão ‘passional’ a seu relaxamento e vice-versa. (op. cit., p.
61)
Em outra obra Barros (1995) ressalta que
as paixões complexas ainda pressupõem uma sucessão de estados de alma como
ponto inicial de uma ação. Logo, o sujeito competente, tem em si um estado de
alma geradora de tensão (querer/dever-fazer
em oposição ao. fazer/ser).
Pode-se dizer que o estado de alma
inicial do sujeito (Vilela) apresenta a modalização do querer não ser, o que torna possível o aparecimento do
desprendimento, da generosidade e da liberalidade (Barros, 1995), que é o
comportamento de Vilela na fase inicial do conto, como atestam os excertos
abaixo:
[...]
voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura [...];
Um
dia, fazendo ele (Camilo) anos, recebeu
de Vilela uma rica bengala de presente[...]
A
confiança e estima de Vilela
continuavam a ser as mesmas. (Grifos acrescentados).
Verifica-se nos trechos acima então o
desapego (deixar a província e voltar para uma cidade menor, o abandonar de uma
função que traz prestígio e dá suporte a um alto padrão sócio-econômico), a
prodigalidade (dá ao amigo um presente caro), características das paixões
simples. Ainda pode-se destacar, de acordo com Barros (1995), a intenção de transformar a disjunção em
conjunção;Vilela é muito unido ao amigo Camilo, ideia ratificada no texto
destacado “Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade” e “ os dois
mostraram-se grandes amigos dele (Camilo)“.
A mudança de estado de alma dá-se num
momento específico da narrativa, quando Vilela muda seu comportamento, “[...] mas daí a
algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como
desconfiado.”
A mudança completa culmina no seguinte
excerto:
Vilela
não lhe respondeu; tinha as feições decompostas [...]
A paixão fica evidente no discurso,
Vilela é agora um sujeito heterogêneo, o estado de alma que se instala no actante
o transporta ao lugar do imprevisível, transforma-o em outro sujeito. O novo
estado de alma transparece uma negação do racional e do cognitivo, “a massa
fórica tende a polarizar-se” (Greimas, Fontanille, 1993, p. 31), não apenas
como uma oscilação euforia-disforia, mas definitivamente disfórica.
O contrato categorizado como casamento
entre destinador manipulador (o fazer-crer,
exigência do casamento) no texto representado por Vilela, e destinatário
manipulado, Rita, foi definitivamente rompido; “Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro [...], A opinião dela é que Camilo devia [...] tatear o marido”. No prosseguir da narrativa, o percurso da ação,
onde se configuram as modalizações do poder
fazer e do saber fazer e dever fazer, se apresenta inexoravelmente.
O sujeito actante está em disjunção com seu objeto de valor, e em seu estado do
fazer prepara-se para o desfecho.
6 O texto final 1
O desfecho proposto pelo texto melhor
classificado pela ABL é semelhante ao original, mas deve-se ressaltar que o
sujeito Vilela no texto 1 merece um
olhar mais detido.
Trata-se da questão moral de onde o
adultério se insere, inclusive listado no código penal brasileiro como crime
com punição prevista de 15 dias a 6 meses, segundo o artigo 240 do Código Penal
Brasileiro. É um tipo de crime que atinge a entidade familiar e principalmente
a honra do cônjuge traído.
No meio social, a honra e o bom conceito
de que se desfruta são necessários ao desempenho do papel como ator social. No
caso do sujeito em questão, Vilela, o bom desempenho de seu ofício depende
diretamente da boa fama. Assim surge a tese da legítima defesa da honra a
prefigurar como justificativa para o desfecho. No entanto, deve-se também
considerar a violenta emoção como fator influenciador do juízo de valor.
É necessário expor a tese da legítima
defesa da honra para se abordar, mesmo que an
passant, os elementos subjetivos que têm relação direta com a tese, o amor,
a paixão e o ciúme.
Binswanger[2]
ao introduzir uma discussão sobre o “amor” define-o como:
[...] o
existir-abrigado-como-amor (Beheimatelsein als Liebe), e não somente do
cuidado inquietante (Sorge), como o faz Heidegger. [...] a condição
fundamental do existir-no-mundo é o amor, o que traz novas conotações
ontológicas:
1ª. Wirheit - literalmente: noseidade,
o nós como alteridade, com o que tenta caracterizar a transcendência do
ser-para-o-amor, na fusão dual do nós;
2ª. Heimat - literalmente: pátria, o
sentir-se-em-casa, à protetora sombra do encontro e da comunicação, assegurada
pelo mundo-familiar-comum.
Como fenômeno cognitivo-social, Cassep-Borges
e Teodoro (2007) descrevem a intensidade do amor como experiência buscada por muitos
devido à sua relevância para as relações interpessoais e também por se tratar
de um dos sentimentos mais fortes e prazerosos da vida, cujos elementos
constitutivos principais e descritíveis são a intimidade, a paixão e a decisão
de compromisso.
Sobre a paixão como elemento componente
do amor, Araújo (2010) nos diz que
A paixão e sedução contidas na questão
do amor encerram quase sempre elementos de poder, disputa e controle sobre o
parceiro. O sentir-se “embriagado” pela paixão diz muito mais da necessidade de
fuga das pessoas para a grande infelicidade vivida no dia a dia, assim sendo,
tal fenômeno age como uma espécie de droga ou narcotizante da falta de sentido
em relação a outro drama moderno, a rotina. Em tese também podemos definir que
tanto a paixão quanto a sedução são uma espécie de rebelião ou protesto
inconsciente contra a inevitável morte ou insatisfação no relacionamento.
Como se pode perceber, a paixão como
sentimento tem a propriedade de cegar racionalmente aquele que a sente, ou seja,
torna o apaixonado incapaz de usar a racionalidade adequadamente.
O ciúme é, em princípio, um sentimento
tão natural como os demais, entretanto sua origem é complexa pois envolve uma
terceira pessoa que é a fonte ou causa final do sentimento. Silva (2010) cita
Pines e Aronson para definir melhor o ciúme como:
[...] complexo de pensamentos, sentimentos e ações que são
provocados por ameaças à existência ou à qualidade do relacionamento que são
gerados pela percepção da atração, real ou potencial, entre o parceiro e um
rival (imaginário ou real)
Embora o narrador inicie a narrativa
citando Hamlet, vê-se claramente no texto o ciúme se intensificando em Vilela
tal qual em Otelo de Shakespeare. Ao mesmo tempo, em Otelo pode-se encontrar
uma definição popular de ciúme: ciúme é um monstro de olhos verdes (a green-eyed monster),
em A Cartomante encontramos os olhos
cálidos de Rita.
Roland Barthes demonstrou como a
consciência de ser ciumento o torturava:
[...] como ciumento, sofro quatro
vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu
ciúme magoe o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser
excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum. (Barthes, apud Beraldo
Jr., 2004)
Greimas e Fontanille (1993) propõem um
modelo para estudo do ciúme, que em uma versão mais complexa dentro de uma
estrutura actancial é composta por três actantes, S1, S2, e Ov
S3, que se colocam em pontos de vista sucessivos:
Perspectiva de S1, duas
colocações em perspectivas secundárias [...] propostas paralelamente: S1/S2,
por um lado, e S1/Ov, S3, por outro, e em última colocação, [...] S2/Ov, S3 sob
forma de uma cena da qual S1 está excluído. (p. 199)
As interações passionais entre os
actantes operam, com efeito, no interior de um simulacro oriundo da debreagem
passional, e também a infidelidade se configura como objeto modal. Nesse
sentido, a consequência é que os actantes do triângulo inicial cindir-se-ão em
sujeitos modais e em diversos papéis que não necessariamente coincidirão com os
papéis iniciais, nas visões de Greimas e Fontanille. (1993)
Assim, passa-se agora e examinar o
percurso gerativo do sujeito Vilela na narrativa, onde a confrontação com o
ciúme cause-lhe sofrimento, e onde o orgulho deixa-o sombrio.
Conforme a sequência encadeada de
pressuposições que conduzem o percurso dos modos de existência do actante, a
totalidade do percurso se completa. Vê-se, um sujeito antes tido como um quase-sujeito, nas palavras de Greimas e
Fontanile (1993, p. 138), virtualizado, transitando pela instância do sujeito
de busca, em seguida atualizado pela competência do saber-e-poder e, então, chegando a sujeito realizado. Todavia,
deve-se notar que entre o momento em que o sujeito (Viela) passa de sujeito
atualizado a sujeito realizado há uma lacuna narrativa que corresponderia,
segundo Greimas e Fontanille (op. cit.) a um sujeito epistemológico, chamado de
potencializado, da práxis enunciativa, instância de mediação dialética entre as
instâncias semionarrativa e discursiva.
Agora como sujeito narrativo
potencializado, ele é “suscetível de explorar a competência, adquirida em vista
da performance” do ofício exercido,
com outros fins, particulares e imaginários ou não.
Ora, como sujeito (texto original)
tomado pela intensa emoção Vilela não consegue esboçar palavra, apenas age,
mostra o corpo de Rita e antes que Camilo possa esboçar reação desfere-lhe o
dois tiros.
No texto final 3, Vilela mostra-se mais
frio, distanciado das emoções, pois consegue planejar uma ação mais sofisticada
pois “libera” Rita de seu compromisso conjugal e permite-lhe partir com seu
amásio. Recebe Camilo e deixa-os, a princípio, irem viver sua paixão. Então
temos um desfecho sinalizado por três estampidos.
Ao observar atentamente o final vê-se a
instalação de um silêncio, o não dito, não expresso ducrotiano definitivamente
caracterizado no final. Sem a certeza, mas presume-se que Vilela dispara em
direção ao casal Rita e Camilo e depois suicida-se.
Por que propor uma discussão sobre a
diferença entre os atos expostos na narrativa por um narrador onisciente? A fim
de mostrar que, embora semelhantes no seu desfecho, o texto original traz um
sujeito (Vilela) cuja reação passional frente à descoberta da traição é
relevantemente diferente do “outro” sujeito, cuja reação, mesmo passional, é
diferentemente pensada, fruto, possivelmente, de mudança de mentalidade
sociotemporal.
A narrativa ocorre no final do século
XIX, ambientada no mesmo tempo de sua publicação, 1884. O código penal, como
doutrina, deve ou deveria refletir o modo de pensar da sociedade em que está
inserido; nesse sentido, o Código Penal de 1890 considerava inimputável os que
se acharem em estado de completa privação de sentidos e de inteligência no ato
de cometer um crime (Código Penal de 1890 apud
França, 2009).
Este autor avança na descrição do que
seria a privação de sentidos.
Na privação momentânea dos
sentidos, mesmo que o indivíduo tenha a consciência da responsabilidade com a
sociedade em que vive e esteja de acordo com suas regras, na privação
momentânea dos sentidos não existe o domínio sobre as emoções nem a percepção
das consequências do dano causado. Ela é substituída por uma ideia de traição
ou de subtração de um direito legitimamente seu. Isto lhe acarreta uma intensa
e abrupta deformação de seu entendimento capaz de privar seus sentidos e sua
inteligência de agir racionalmente. O julgamento do agente é substituído por um
motivo que naquele instante faz sua revolta parecer justa. (França, 2009)
Ainda para França (2009), “O caráter
passional [...] era um “deslize transitório da consciência honesta”. Sua
absolvição pelos tribunais populares não poderia ser considerada como exagerada”.
Essa tipificação de crimes classificados
como passionais dava a quem o cometia a possibilidade clara de sair impune,
devido às circunstâncias. Assim, o traído, “acometido de sofrimento intenso
pela perda da posse, com medo de imaginar o objeto de desejo entregando-se
fisicamente a outro” (Beraldo Jr., 2004), comete o desatino.
Ainda nessa linha, Borelli (2002) diz
que para delinquir por uma paixão, concorre a personalidade com precedentes
ilibados, com idade jovem, com a execução em estado de comoção, ao ar livre,
sem cúmplices, e com remorso sincero do mal feito, frequentemente exprime
arrependimento imediato chegando ao suicídio. Ainda de acordo com Borelli (2002),
o passional tem algumas características estabelecidas pela antropologia
criminal. Além de jovens, como dito anteriormente, há outras características
como:
[...] no caso dos
passionais o domínio da emoção era provocado pela descoberta da ofensa à sua
honra ou sua família. Nesse sentido, os jovens eram mais predispostos a esta
situação por sua inexperiência e intolerância. Os passionais eram também
pessoas de “alma sensível”, o que explicava sua explosão e, por fim, seus atos
eram praticados às claras e sem premeditação, ou seja, na frente de testemunhas
e com a arma que encontrassem. A confluência desses elementos era complementada
pela presença de uma “vida anterior honesta”, este ponto, fundamental para
criar a imagem de um crime cometido no “calor da dor”
Nesse sentido então, tem-se que:
O ato do suicídio era
o mais melindroso na construção do passional, pois, para os juristas, era
indispensável como forma de demonstrar o arrependimento do envolvido.
Assim, tende-se a diferenciar
concretamente o sujeito Vilela constituído na narrativa machadiana e na
narrativa alternativa. De um lado, o Vilela machadiano comete o crime dentro de
ambiente privado, sua casa, e depois manda chamar Camilo para dar-lhe o mesmo
destino, mas não há indício na narrativa de quer tentaria dar cabo da própria
vida ao final. Condição oposta na narrativa alternativa, onde o discurso,
embora não deixe claro, sugere que após o duplo homicídio (simultâneo) Vilela
suicida-se.
Barros (1990) ressalta que a paixão de ausência é exemplo de paixão
intensa, romper o contrato fiduciário pode ocorrer unilateral ou
bilateralmente. Quando ocorre bilateralmente (Rita rompeu o contrato de seu
lado, Vilela não se deu conta do rompimento até descobrir a traição), o sujeito
é forte e ofensivo, e no caso da narrativa estudada surge uma paixão intensa de
falta e conduziu a um programa de liquidação da falta. Consoante à proposição
de Barros (1990) vê-se que a maneira de o sujeito trabalhar com o sentimento de
falta foi desenvolver um programa de reparação ou liquidação da falta. Assim
instaura-se um sujeito do fazer que, nesta narrativa, é o mesmo sujeito que
sofre a falta; e cuja missão foi desenvolver um programa que liquidasse a falta
do objeto de valor e ao mesmo tempo, liquidasse a falta de confiança (reparasse
a traição também do sujeito (Camilo) no qual depositava também sua confiança).
Barros (1990) esclarece que a falta de confiança gera malevolência nas paixões tensas de
falta, e foi esse “estado de alma” o responsável pela instauração do sujeito do
fazer, nas narrativas examinadas neste estudo. A malevolência se define pelo querer
fazer mal/querer não fazer bem, e entre os exemplos expostos por Barros, o que
se encaixa nas narrativas é malevolência caracterizada pela hostilidade. Assim,
o sujeito que deu motivo à hostilidade no sujeito de estado, nesta narrativa, é
o destinador ou antisujeito.
Deste modo, S2 e Ov,S3,
uma vez arrolados no simulacro passional de S1, veem-se reduzidos a
papeis necessários à cena de ciúme, o desfecho final.
Considerações
Finais
Como pode ser percebido, para uma
descrição de paixões complexas, percursos narrativos, de construção de sentido,
é preciso espaço. Não basta uma análise de modalidades que constituem o sujeito
patêmico, ou de programas narrativos. Há mais a ser feito.
Ao examinar-se as narrativas
apresentadas, poder-se-ia propor ainda uma análise aprofundada dos ditos, não
ditos e pressupostos do texto segundo pressupostos ducrotianos. Os conceitos de
vergonha e medo de Iuri Lotman se aplicariam no exame da ausência de inibidores
e motivadores internos e externos da traição, que neste breve estudo estão na
violação da honra, medo de descoberta e a vergonha da exposição pública. As
narrativas examinadas proporcionam ainda vasto campo de reflexão.
Barros (1990) explica que há necessidade
de colocar os percursos em estados passionais e examinar as transformações
modais que produzem aquele estado, o que fica aqui como sugestão para uma
próxima investigação semiótica.
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acessado em 20/11/2010.
“THE FORTUNE
TELLER” – SEMIOTIC ANALYSIS OF THE TALE OF MACHADO DE ASSIS AND THE THREE FINAL
ELECTED BY BRAZILIAN ACADEMY OF LETTERS
SUMMARY: The Fortune Teller is the tale of Machado de
Assis that the Brazilian Academy of Letters has elected to a competition
launched on the internet, where participants would write a new ending without
major additions. Three texts were then chosen finalists. From the tale of
Machado and three (3) winners texts became here a brief semiotic analysis.
Analyzes the narrative journey and passions seconds greimasian assumptions
where it discusses the binary oppositions of subject / object, and where they
settle three categories schematic: guy wants to object and invests the desire
(1st category), so the recipient is the object desire and recipient of communication
(2nd category), and fulfills a function as an adjuvant or opponent while
creating conditions for realization or hinder the frustration of desire (3rd
category). The interactions between the passionate actants operate, in effect,
within a simulation derived from the debreated passion, infidelity and also as
the object modal. The consequence is that the actants of the initial triangle
split will be subject to modal and diverse roles that do not necessarily
coincide with the initial papers Finally it examines the outcome of the
top-ranked text from the viewpoint of what is a crime of passion.
Keywords:
semiotics of passions, program narrative, crime of passion
[1] A Academia Brasileira de Letras apresentou em 04 de novembro de 2010 os três ganhadores do concurso cultural “Conte um conter sem aumentar um ponto”, cujos textos são brevemente analisados aqui.
[2]
Definição dada por
Binswanger disponível em http://www.redepsi.com.br/portal/modules/wordbook/entry.php?entryID=1745
acessado
em 10/12/2010
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