SUBALTERNA
E QUASE DESCONHECIDA: A CRÔNICA DE FRONTEIRA
Alexandre
Luís Gonzaga – UEMS[1]
RESUMO:
Este artigo tem o objetivo de fazer uma leitura do texto Crónica fronteriza de Margarita Azpiroz, à luz da crítica literária
latino americana. Nesse estudo, analisa-se detidamente o percurso do narrador
sujeito e sua mudança na linha temporal, pode identificar a ocorrência do
fenômeno do entre-lugar à luz dos pressupostos de Homi Bhabha. Os deslocamentos
de identidade linguística e cultural são elementos presentes na narrativa, além
da diáspora e do multiculturalismo, o que torna o texto ideal para estudos
literários. Este texto venceu o “Primeiro Concurso de Contos e Crônicas da
Fronteira” realizado em 2008 pelos Ministerio
Del Desarollo Social del Uruguay e o Ministério das Relações Exteriores do
Brasil.
Palavras-chave:
percurso narrativo; entre-lugar; diáspora.
Há um meio certo
de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que Calor! Que desenfreado
calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou
simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos
atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre
a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.
Machado
de Assis
Os concursos literários
são eventos que promovem a literatura e onde novos autores têm a oportunidade
de expor seus talentos; ocorrem em diversos âmbitos desde aqueles restritos às
instituições ou municípios até os de alcance internacional. Entre abril e
outubro de 2008, o Ministerio Del
Desarollo Social del Uruguay e o Ministério das Relações Exteriores do
Brasil promoveram o “Primeiro Concurso de Contos e Crônicas da Fronteira” cujo
objetivo era o de fortalecer a identidade cultural dos residentes na zona de
fronteira de ambos os países.
Pretende-se fazer uma
leitura do texto Crónica fronteriza, de
Margarita Azpiroz, à luz dos pressupostos da crítica literária latino
americana. A leitura que se propõe nessa breve intervenção não é a de discutir
o valor da obra, é o leitor que expressará esse juízo, mas apresentar considerações
sobre uma obra que representa um olhar sobre a zona de fronteira. Indo além,
dentro de uma visão cartesiana onde se examina as partes constitutivas de um
todo harmônico, explorar e discutir os deslocamentos de identidade que subjazem
na narrativa, decorrentes em grande parte da influência da “zona de contacto” (PRATT,1999,
p. 31).
A crônica como gênero
literário pode ser vista metaforicamente como mestiça, porque tem
características jornalísticas sem ser jornal, é narração histórica
descompromissada com a imparcialidade, narra fatos com humor ou ironia ou
crítica ou ainda incluindo todos esses itens num mesmo texto sobre o cotidiano
mais simples.
Tudo isso faz
das “crônicas” curiosa mescla de história, ensaio de prosa e ficção, valiosa
vitrina literária onde se pode ver a América num prisma de facetas muitas vezes
toscamente, algumas vezes polidamente recortadas. (VARGAS, 1979, p. 457)
A crônica de Azpiroz trilha
esse caminho com um pouco da história uruguaia e algumas coisas a mais que
veremos a seguir. Não está claro se é uma crônica autobiográfica, por isso ao
se fazer referência à Margarita, estar-se-á se referindo ao narrador, pois que
o texto não carece da presença do autor, do indivíduo que escreveu o texto, para
ter sentido próprio.
Margarita é um sujeito que
se desloca; visto que as primeiras palavras de seu relato se encarregam de
descrever a viagem, a companhia de viagem, e a chegada a Rivera. O motivo do
deslocamento é profissional, o marido recebe uma boa proposta de trabalho e
aceita-a, vai para Rivera antes da esposa. Esta consegue transferência de seu
emprego público e vai depois com o filho e a mobília. Assim se caracteriza um
exílio forçado, embora dentro do mesmo país, a personagem vê muito do que há a
sua volta com assombro, deslumbramento e curiosidade, entre outros sentimentos
de estranhamento. Há, naturalmente, uma “identificação associativa” (HALL,
1999) com sua cultura de origem, afinal Margarita não sai do país, mas da
capital rumo à região de fronteira no interior de seu país. O deslocamento da
narradora não é só geográfico, há um deslocamento ou, nas palavras de Hall
(2005), descentração do sujeito. Segundo Mercer:
[...] a
descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto
de si mesmos, constitui uma crise de identidade para o indivíduo. [...] “a
identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que
se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e
da incerteza”. (MERCER, 1999 apud
HALL, 2005, p. 9).
A identidade é
constituída através da interação entre o eu e a sociedade, e desempenha o papel
de “costurar” o sujeito à estrutura, entretanto ainda segundo Hall (op. cit.) as
identidades antes estáveis estão se fragmentando, compostas às vezes por várias
identidades e eventualmente opostas entre si. A identidade plenamente
unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia (HALL, 2005, p. 13).
Margarita chega a
Rivera em 1968, um ano efervescente ao redor do mundo, com muitos
acontecimentos importantes. Alguns fatos conseguem por si tornar mais claro o
sentido daquele cierto aire de soberbia
que a narradora tinha quando da sua chegada a Rivera. Nesse ano, em fevereiro,
algumas universidades foram ocupadas por estudantes na Espanha e Itália, na
Alemanha o consulado americano também foi invadido; em março estudantes
atacaram a embaixada americana em Londres; em abril, estudantes americanos
fazem protestos contra a guerra do Vietnã na Universidade de Columbia; em maio,
estudantes fazem protestos contra o status quo e barricadas são
levantadas nas ruas e ocorrem confrontos com a polícia, aderem ao movimento
diversas classes profissionais; em agosto, tropas soviéticas reprimem com
violência a população da então Tchecoslováquia. Como se viu, muitos movimentos
de protesto foram encabeçados pelo movimento estudantil. Na América Latina
também houve movimentos semelhantes: no Uruguai Jorge Pacheco Areco assume a
presidência após a morte do então presidente Oscar Gestido e dá início a uma
escalada autoritária conhecida como “Pachecato” (PADRÒS, 2005).
Assim, é sob intensa
ebulição política tanto na capital do Uruguai quanto nas principais cidades do
mundo que Margarita desembarca num lugar longe do eixo do poder e fortemente
influenciado pela cultura do país vizinho.
Ainda, dá ao leitor uma
pista de seu posicionamento ideológico em alguns momentos, quando fala sobre La mano de bleque universitaria,
expressão compreendida como aquela pessoa que denigre a reputação de outrem, no
caso seriam aqueles que se oporiam à ideologia socialista a qual Margarita se
engajava. Em outro momento da crônica, a narradora comenta:
con naturalidad ló que pensaba y que era socialista. Se hizo un silencio
duro y miradas entrecruzadas. Hoy me avio uma compañera que estoy fichada em la
comisaria y que me van a vigilar [...]. Recién dimensione la diferencia
política de mi entorno (AZPIROZ, 2008, p. 1).
Mas ao final constata
que vivia em um gueto na faculdade, e no seu presente a realidade era ampliada
e diferente. Ainda desfrutando de certa liberdade política, a narradora com
otimismo fala de um centro cultural fundado por docentes onde havia grande
quantidade de artistas plásticos e outras pessoas envolvidas com atividades
culturais. Entretanto, o otimismo se transforma em preocupação. Em função do
acirramento da ditadura, “[...] La
mayoria de nuestros amigos docentes, han perdido sus cargos [...] Otros
están presos”, e diversos centros culturais, incluindo o de Rivera, foram
fechados. Alguns artistas são exilados e passam a viver do outro lado da
fronteira, em Livramento. A narradora observa que a ditadura no Brasil é menos
repressiva naquela região tão distante.
Os jovens, na
narrativa, praticam aos finais de semana uma espécie de footing na avenida que separa Uruguai e Brasil, mas que ao mesmo
tempo une os dois países. Há grande aglomeração de jovens andando de carro ou
“permanecen parados em la vereda, o apoyados em los autos estacionados”, de
onde “surgen ahí tambien lãs miradas de conquistas y lós câmbios de autos”.
Contudo, chama-se a atenção na descrição quando a narradora diz: “entre los
jóvenes, existe uma separación y está la cuadra
de los macacos, y la de los riverenses” (grifo da autora). Os jovens
riverenses ao denominarem a quadra onde ficam os brasileiros daquele modo
indicam que há um resquício de discurso da época em que o Uruguai era chamado
de “A Suíça da América”, período pós-Segunda Guerra em que o país se assentava
numa conjuntura internacional favorável que propiciava internamente uma
proposta de bem-estar social que, em termos latino-americanos, sem dúvida
ficava acima da média (PADRÒS, 2005). Assim, as condições sociais que aquele
país viveu, e que só começou a mudar no final de década de 1950, possibilitou a
manutenção de um discurso social tradicional, onde o passado é venerado e os
símbolos são valorizados porque contém e perpetuam a experiência de gerações
(GIDDENS, 1990 apud HALL, 2005, p. 14). Nesse sentido, aqueles jovens
uruguaios, detentores de um discurso ideologicamente marcado, buscam por um
lado afirmar sua identidade, impondo-se como sujeitos e, por outro lado,
afirmam-se como socialmente superiores.
Ainda sobre “la cuadra
de los macacos”, chamar os brasileiros de “los macacos” ou ainda “los
macaquitos” é uma herança cultural que remonta ao século XIX. De acordo com Schwarcz
(1993), o pensamento positivista inclusive no Brasil deu força à ideia de
superioridade e inferioridade raciais. Assim, nas palavras de Schwarcz, “[...]
os negros, escravos, africanos se tornaram “classes perigosas” e viraram
“objetos de “sciencia” pela ciência se definia a diferença e a inferioridade”
(grifos da autora). Por conseguinte, a miscigenação representava a degeneração
da nação (ibidem). Chamar os brasileiros de
macacos começou quando a maioria de brasileiros recrutados para
combaterem na guerra com o Paraguai era negra ou mestiça. Chamar “los
macaquitos” era o modo irônico que a imprensa paraguaia designava os soldados
brasileiros.
Na narrativa, os
deslocamentos também são involuntários ou compulsórios, tal como uma diáspora forçada,
pessoas obrigadas a sair do lugar em que moram e isoladas do centro de onde se
origina o poder, ou mesmo da sociedade, como aquelas “enviadas ao Vilardebó”.
O Vilardebó é um
hospital psiquiátrico de referência nacional no Uruguai, situado na capital. Essa
instituição foi objeto de pesquisa em 2001, quando Pasturino (et al., 2004) publicaram estudo sobre
suicídios ocorridos naquele estabelecimento num dado período de tempo. Essa
ligação que ora se faz com o suicídio deve-se ao fato de Durkheim tratar do tema como algo muito mais social do
que psicológico. Isolar o indivíduo do convívio social somente agrava-lhe o problema.
Pasturino (op. cit., p. 9) relaciona o consumo de álcool como forte preditor
desse fato social, e Margarita relata que existia
[...] un grado altísimo de alcoholismo, por la conocida
"cachaça" que producía terribles estragos y existía un tren semanal
de personas enviadas al Vilardebó, llamado el "tren de los locos".
Datos removedores, pero allí se encuentra también, una energía especial, un
poderoso poder creativo, que puede confundirse con lo mágico, pero es real. Su
gente posee la rara capacidad de encontrar rápidos caminos de salida y
respuestas a permanentes cambios, a veces con picardía, otras por simple supervivência
(AZPIROZ, 2008, p. 1).
A narradora diz que são
retiradas do convívio social e enviadas ao manicômio pessoas com problemas de alcoolismo,
mas também pessoas com uma energia especial e rara capacidade, e que a dispor
disso eram vistas como loucas.
Sobre a loucura, têm-se
algumas referências fundamentais na história como o “Elogio da loucura”, de
Erasmo de Rotterdam (2007), onde pode-se ver uma crítica social numa obra
carregada e ambiguidades visto que a obra é uma visão a partir da loucura. Rotterdam
põe a loucura como desencadeadora de todas as decisões humanas.
Michel Foucault, por
outro lado, ao discorrer sobre a loucura se coloca contra o internamento e
consequente afastamento do louco, como solução para a sociedade lidar com tal
fato social. Descartes (apud
FOUCAULT, 1978, p.52) encontra na dúvida a loucura, ao lado do sonho e do erro
em todas as suas formas, mas admite que a força das ilusões (causadas pela
loucura] deixa sempre um resíduo de verdade. Foucault ainda nos diz que desde o
fim da Idade Média a loucura se aparenta mais a uma festa
[...] como se na
loucura a nossa cultura procurasse férias, um contrário dela mesma, que seria
para ela um espelho, um momento absoluto em que o tempo se interrompe, faz
círculo para um ritual e inaugura entre os homens formas de comunicação que a
sua linguagem do cotidiano não lhes permite[...] (FOUCAULT, 1978, p. 33).
De uma maneira ou de
outra, a sociedade não possuía a cultura de conviver com a loucura, assim cuidava
de manter a loucura à distância, longe dos olhos.
A narradora revisita
seu passado a partir da leitura de cartas que enviou para sua mãe num período
de vinte anos e num diálogo com o leitor, seleciona algumas cartas para ler.
Desse modo, a leitura desempenha um processo que permite à narradora dialogar
consigo própria e a partir disso interagir na produção de novo conhecimento de
si.
O fio condutor do texto,
visto na forma de uma linha do tempo, é uma dupla volta ao passado, primeiro porque
Margarita conta da sua chegada, como se sentia em relação aos novos colegas de
trabalho, vizinhos e ao lugar em si. Depois, a narradora compara a si quando “una
muchacha joven” e após aproximadamente vinte anos. A personagem consegue traçar
uma linha clara que distingue a bagagem cultural que traz de Montevidéu da
cultura que ela encontra em Rivera. Inicialmente, pode-se sugerir que a
narradora tinha certo olhar panóptico, exemplificado no seguinte excerto:
La mano de bleque universitária, justo em años de lucha militante, me había
dado um cierto aire de soberbia. Fue así que durante um tiempo senti la
experiência, como si hubiera hecho um viaje al pasado, y arribado a um lugar de
idioma mal hablado, de enfrentamiento irracional de caudillos políticos, de
rituales y creencias ignorantes, de ilegalidades sin fin, vividas como um modo
de ser (AZPIROZ, 2008, p. 1).
Essa é uma visão
distanciada de Margarita, visão de quem olha as coisas de cima para baixo, de quem
sente sua língua mater profanada por pessoas
que vivem numa condição de atraso temporal e de cultura diferente.
A narradora, ao pensar
em suas lembranças, percebe em si a transculturação como uma lente que muda seu
modo de ver a realidade à sua volta. Com a ajuda de amigos e colegas de
trabalho, aos poucos Margarita vai conseguindo decifrar “esa nueva realidad
social” que ela passava a viver. A narradora consegue,
a partir de uma “perspectiva atual, rodeada de free shops, forestación,
comunicaciones, recrear el descubrimiento fronterizo”, e já não vê mais a
realidade à sua volta com os mesmos olhos de quando chegou. O sujeito da
narrativa mudou e foi mudado pela nova realidade que cercava; já não classifica
as crenças e rituais como “ignorantes”, mas agora como “totalmente diferente”.
Assim, vê-se o surgimento de um pensamento liminar, diacronicamente dicotômico,
já que seu modus pensanti se altera
radicalmente com o tempo. Ela consegue pensar no antes, quando mergulhada na
vida universitária e que, depois, denomina de gueto. No entanto, só consegue
desenvolver essa visão após ter o pensamento descolonizado pela saída do gueto.
Por gueto entende-se como:
uma forma muito
peculiar de urbanização modificada por relações assimétricas de poder entre
grupos etnoraciais: uma forma especial de violência coletiva concretizada no
espaço urbano. (WACQUANT, 2004, p. 122)
Margarita usa a ideia
de gueto não no sentido étnico ou racial, mas ideológico; no sentido de que o
gueto pode ser visto como instrumento de poder de determinado grupo. Wacquant
(op. cit) complementa o raciocínio dizendo: “O gueto é o produto de uma
dialética móvel e tensa entre a hostilidade externa e a afinidade interna que
se expressa como uma ambivalência no nível do consciente coletivo”.
Pode-se dizer que não
apenas no inconsciente coletivo como disse Wacquant, mas no nível individual
também porque a narradora admite sentir uma forte ambivalência por um tempo
depois da chegada a Rivera.
Na narrativa se expõe o
momento político delicado que o país vive e coincidentemente o país vizinho
vive momento semelhante. O período histórico em que há o deslocamento coincide
com um período de intensa turbulência política e enfrentamentos entre os
partidos “Colorado” e “Blanco” disputando o poder. O governo norte-americano
era o responsável pela
[...] promoção,
sustentação ou apoio direto desses regimes [...]. seus interesses econômicos,
estratégicos, políticos ou militares estão presentes em todas as experiências
concretas de SN (Segurança Nacional)
da região (PADRÒS, 2005, p. 117, grifo acrescentado).
Assim, através de uma
política externa favorável à manutenção do status
quo dos governos latino-americanos, os Estados Unidos sinalizaram para a
necessidade de reforçar a maquinaria repressiva, desenvolver um estado policial
e, se necessário, fomentar uma intervenção militar (idem, p. 118). Nessa linha
de atuação, a partir de 1968, de acordo com Serra (2005), o governo uruguaio
procurou desativar a atuação política de diversos setores da sociedade. Entre
outros fatos, viu-se, ainda segundo aquele pesquisador, a repressão aos
movimentos estudantis e a censura aos meios de comunicação.
Mas o que nos interessa
nesse momento é que Margarita, cognominada Pepita, alcunha dada pela amiga
Leda, passa a demonstrar deslumbramento com a nova cidade. Trata-se aqui o
termo “deslumbramento” como sinônimo de “assombro”, como bem o anota o
Dicionário Eletrônico Michaelis-UOL (S.D.). É o assombro descrito por Moreno
(1979) quando do primeiro contato do descobridor com a nova terra. Canclini
(2005) diz que os antropólogos também cultivam esse olhar quando em contato com
culturas exóticas e costumes pouco habituais. Em outras palavras, Margarita se
inseriu numa zona de contato, pois antes, na capital, estava disjunta
geograficamente e em momento posterior, sua trajetória se cruza com o percurso
do Outro, dentro de uma perspectiva dialógica.
Assim, através do
fenômeno da transculturação, Margarita reelabora costumes metropolitanos, da
cultura dominante, dentro de em processo no qual Hall rememora o que Mary
Louise Pratt configurou como zona de contato, ou seja, o entre-lugar cultural: “um
termo que invoca a co-presença espacial e temporal dos sujeitos anteriormente
isolados por disjunturas geográficas e históricas [...] cujas trajetórias agora
se cruzam” (HALL, 2003, p. 31).
O assombro inicial se
transforma em expressão ativa, com o tempo impulsiona Margarita juntamente com
seus pares, a partilhar a arte que se expressava na capital, trazendo os
espetáculos à Rivera.
Margarita percebe, participa
e incentiva ativamente a construção de uma estética mestiça, híbrida, em Rivera.
Percebe no “tren de los locos [...] uma energia especial, um poderoso poder
criativo”; o participar fica claro quando a narradora diz “vivimos nuestro
primer carnaval fronterizo”, ou seja, passa da posição de observação e chega à
posição de participação, se envolve com o novo à sua volta. O que poderíamos
chamar de último estágio desse processo colaborativo de construção de uma
estética fronteiriça, essencialmente híbrida, acontece quando Margarita passa a
participar da “Comisión de Cultura” e diz: “Esta frontera, te invita a ser
actora de ló que sucede”. Nesse momento, percebe-se uma espécie de tomada de
consciência de que para se reencontrar níveis desejados de atividade cultural é
necessário superar a passividade. Nas palavras de Canclini (2005), não se trata
apenas de construir movimentos de resistência, senão de refundar a modernidade.
Nesse mesmo sentido, Bhabha diz que:
O trabalho
fronteiriço da cultura exige um encontro com “o novo” que não seja parte do
continuum de passado e presente. Ele cria uma ideia do novo como ato insurgente
de tradução cultural (BHABHA, 1998, p. 27).
Acreditamos assim que
Margarita repensou estas questões de modo decisivo ao reler as cartas, assim, o
passado agora presente, “torna-se parte da necessidade, e não da nostalgia, de
viver” (ibidem).
Essa mudança no modo de
pensar da narradora, não mais inspirada na antiga vida universitária, seria nas
palavras de Mignolo (2003) o “outro pensamento”, um modo de pensar que não é movido
dentro das próprias limitações e não pretende dominar nem humilhar. Ou seja,
depois do deslocamento, da adaptação, Rivera agora é o lócus de enunciação de
um sujeito descolonizado, capaz de uma visão dupla e, por isso, capaz de uma dupla
crítica, característica do pensamento liminar em zona de contato. Numa escala
muito menor do que a descrita por Khatibi (MIGNOLO, 2003), as vozes que
incomodavam o poder político estabelecido no Uruguai, eram enviadas para a
região de fronteira e algumas eram exiladas, silenciadas pela distância. No
entanto, a resistência se deu na forma da promoção das artes na localidade,
através da formação de um grupo que promovia eventos culturais porque, nas
palavras de Margarita:
Nos proponemos traer todo El teatro, conciertos y conferencias que están em
Montevideo. Creemos que por estas épocas es la cultura la única forma de
comunicar ideas, y poder comunicarnos entre nosotros (AZPIROZ, 2008, p. 1).
Como alguém com dupla
consciência, a narradora passa a contribuir para romper com a hegemonia
epistemológica e artística da capital e ajudando assim a criar, uma perspectiva
modernizante para aquela região fronteiriça.
Tal consciência de si é
também perceber a mudança considerada em si mesma, as alterações do mundo
exterior refletindo no interior da personagem. Essas mudanças no estado de ser
da personagem são um devir apreensível ao longo da narrativa. Margarita muda
seu modus vivendi ao longo da
crônica, seu modo de lidar com a realidade à sua volta.
De um ponto de vista
semiótico, baseado em Barros (2005), Margarita altera seu modo de existência, indo
de sujeito potencial, (aquele que crê ser) passando por sujeito atualizante,
(do saber e poder) e chegando ao modal realizante (o fazer e o ser). No início
a narrativa mostra uma Margarita que sente uma “fuerte ambivalencia”, como um
sujeito cindido por sentimentos de “curiosidad y asombro”, “critica e rechazo”
e “encantamiento”. Assim se percebe que o sujeito da narrativa transita da
antipatia e aversão à benquerença da afeição na forma da amizade, estima e
simpatia, nas palavras de Barros (2005). Percebe-se assim que os valores são
descritivos, a transformação é operada pelo sujeito do fazer que se torna
competente para tal fazer graças ao destinador: a fronteira (ibidem).
Margarita como sujeito
da enunciação, delega ao narrador a enunciação do discurso em primeira pessoa.
Nesse sentido, atribui-lhe a voz, ou seja, o dever e o poder de narrar o
discurso em seu lugar. Eventualmente pode-se notar, segundo os pressupostos
semióticos, que o narrador cede internamente a palavra aos seus interlocutores,
recurso discursivo de produção de sentido bastante recorrente na crônica.
Vários são os traços
que denotam o amadurecimento da personagem, adotando novos conceitos ao longo
da narrativa. No momento da chegada a Rivera vê a língua como sendo mal falada,
depois percebe que há uma influência mútua que as línguas exercem quando estão
em áreas caracterizadas como zonas de contato. Como resultado do contato o que se percebe é um novo falar que mistura
elementos de ambas as línguas.
A língua faz parte de
um conjunto de elementos que estão entre os mais representativos da cultura de
um povo, pronunciá-la com inexatidão é como profaná-la ou transformá-la num
campo de tensões destinadas a continuarem insatisfeitas (AGAMBEN, 2007).
Margarita é um sujeito
oriundo de um ambiente universitário, ideologicamente polarizado, de visão cultural
dissimuladamente ampliada, mas que se revela sectária. O discurso universitário
funciona de modo análogo ao discurso hegemônico, como diz Slavoy Zizek (2003) ao
discutir a obra de Jaques Lacan, pois esconde questões culturais que não estão
necessariamente ligadas à academia e que deseja ver no Outro a reprodução da
sua própria verdade. Assim, é no ambiente universitário que comumente se encontra
um monolinguismo puritano e a pureza de linguagem descrita por Valter Mignolo (2003),
logo “sob um ponto de vista cultural, privilegiar a ortografia é privilegiar o
passado”, de acordo com Michel de Certeau (1995) e nesse sentido, conservar as
tradições é a própria manutenção da ideologia hegemônica. Margarita defendia a
tradição de um vernáculo castiço, uma ortodoxia passadista. Os primeiros
contatos com um novo falar causaram desconforto e estranhamento. Entretanto,
esse posicionamento sociolinguístico vai se alterando na trajetória da crônica,
o rechaço se transforma em aceitação e, especificamente sobre a linguagem de
fronteira, há uma espécie de deslumbramento.
É um momento que mostra
o modelo ortodoxo anterior de pensar já superado, quando em uma de suas cartas
enviadas à mãe, a personagem narra a convivência pacífica e harmoniosa que duas
línguas podem ter. O contato entre as duas línguas faladas na região não se
limita às comunicações comerciais ou políticas, pois chega ao nível mais básico
da sociedade, o matrimônio. Nas uniões matrimoniais, cada um fala seu próprio
idioma todo o tempo e isso não constitui algum tipo de obstáculo à compreensão
mútua. Ao exemplificar sobre um casal de amigos, diz o narrador que só em um
desentendimento é que a esposa (uruguaia) fala em português com o marido
(brasileiro). Os vários casamentos que dão origem a uma nova célula social,
agora vistos como binacionais, bilinguísticos, biculturais e nem por isso
ambíguos. O trecho a seguir
ilustra com clareza:
aquí, hay muchísimos
matrimonios que cada uno habla su propio idioma. Es fantástico. Treinta años de
casados y hablando idiomas diferentes. Ninguno se molesta en hablar el idioma
del otro, sino que hablan lo que les queda más cómodo. Tengo una compañera cuyo
marido es brasilero. Me dice que sólo si se pelea, le habla en brasilero. ¿No
es genial? Todos hablan bien los dos, pero en el día a día, hablan el idioma
materno de cada uno. Los hijos, generalmente, hablan el idioma de donde van a
la escuela. Todo esto, con la mayor naturalidad. Claro los gurises preguntan
"mae, eu que sou?"
-
"Doble chapa filho." (AZPIROZ, 2009)
A resposta à pergunta
dos guris é lapidar, o indivíduo se forma num ambiente bilíngue onde nenhuma
das línguas se sobrepõe a outra. Por outro lado, a ocorrência simultânea das
línguas faz surgir o que naquela região de fronteira comumente se denomina
“portunhol”. Assim, pode-se observar que o contato entre as duas línguas está
num momento posterior oximoro exposto por Hanciau onde
[...] na etimologia
de oximoro (do grego oxymóron) estão oxus (agudo) e môrus (louco), que remetem a uma loucura aguda da linguagem.
Anulando fronteiras tradicionais, unem-se assim, conceitos que se excluem
mutuamente, com o objetivo de produzir novos sentidos. Para Maximiliem Larochem
a oximorização consiste em aglutinar, deliberadamente os contrários para criar
novas e vivas identidades. (HANCIAU, 2005, p. 129)
Tendo a língua como uma
referência de identidade, Margarita num primeiro momento não conhece e não vive
a adesão a uma identidade continental, que obrigaria à narradora “romper com os
tradicionais pontos de referência étnicos, linguísticos e nacionais” (BERND, 2005).
Nesse sentido, Margarita ao chegar a Rivera não tem consciência da
americanidade que a comunidade riverense vive por conta do contato com o povo
de Livramento, do outro lado da linha geográfica que separa o Uruguai do
Brasil. É uma questão de hibridação cultural a qual a narradora demora a
perceber, mas que é bem visível no transcorrer da crônica.
O deslocamento dá à
narradora a oportunidade de refletir sobre a própria identidade e alteridade. A
identidade como um processo de construção permanente e em constante
reelaboração, onde o velho e o novo se misturam. Aristóteles (apud CHAUÍ, 2008) diz que o “devir
absoluto é só das substâncias, as outras coisas que vêm a ser precisam
necessariamente de um sujeito”; Margarita é a expressão do devir aristotélico, ao
longo do texto pode-se perceber a narradora como um sujeito reelaborando suas
bases conceituais aos poucos, mas perenemente.
Pode-se inferir, então,
informações relevantes para a compreensão da identidade do sujeito narrador. Para
Bock (2003) a identidade explica o sentimento e a percepção da realidade em
nível individual, a plena posse do eu. Na fluidez da crônica, pode-se perceber
as referências do eu (sujeito narrador) em oposição ao outro, aquele diferente,
onde o sujeito não se reconhece, e que por outro lado o faz se reconhecer como
único. Em outras palavras, somente em oposição ao outro é que a narradora
consegue se reconhecer. Nesse sentido, como pressuposto essencial senão óbvio,
para formação da identidade, é necessário que o sujeito detenha a faculdade da
memória. A lembrança conserva aquilo que foi e não voltará mais e é a primeira
e mais importante experiência do sujeito com o tempo (CHAUÍ, 2008). Marcel
Proust, citado por Chauí (op. cit.) concebe a memória como a garantia de nossa
própria identidade, como uma forma de percepção interna onde o sujeito é ao
mesmo tempo objeto. Esse movimento se torna mais claro quando no texto, a
narradora Margarita passa a narrar o conteúdo das cartas cujo narrador é agora
o objeto.
Subjacente à memória
está o olvido, ou seja, o esquecimento
é parte constituinte da memória. É um componente que em ação impossibilita a
recordação, e sobre isso escreveu Santo Agostinho:
Oh! Nem sequer
chego a conhecer a força da minha memória, sem a qual não poderia nem dizer
mesmo eu. Que direi eu, pois quando tenho certeza de que lembro do
esquecimento? Poderei afirmar que não existe na minha memória, para que o não
esqueça. (AGOSTINHO, 1973, p. 16-25)
A memória, para Santo
Agostinho é uma faculdade que propicia o entendimento, assim, a memória é o
caminho para o sujeito entender a si próprio. Para Scherer (2010), Santo
Agostinho não trabalha a memória a partir do que ela representa, porém sob um
ponto de vista do sujeito, numa ótica subjetiva. Assim, a memória, como
atividade reflexiva, está relacionada à imaginação, e, por conseguinte, às
imagens; e estas, sob a ótica saussureana, estão ligadas à linguagem.
A fim de completar a
linha de pensamento, temos que Orlandi (apud
ACHARD et al., 1999), considera os
esquecimentos e silêncios com parte da memória. O limite da memória estaria no
silenciamento imposto aos sentidos, não o silêncio em si, mas a lembrança ruim,
o que se desejaria esquecer. Orlandi (op. cit) diz que os “burcos” na memória não
são falhas espontâneas, mas marcas impostas, silenciadas, a fim de se conseguir
uma ressignificação do signo. Com isso se refere ao período político turbulento
de 1968 no Brasil, mas que aqui ressaltamos, foi um período difícil também no
vizinho Uruguai e que a narradora Margarita lembra em dois trechos da crônica.
Por fim, não raro se
constata que a América Latina é deveras heterogênea e singular em aspectos que
ao mesmo tempo a une e a divide. É uma concepção de território que sua
denominação sugere e que não encontra contornos nítidos capazes de aclarar a
visão mesmo a mais obnubilada. Nas palavras de Bhabha:
mestiçagem [...]
pressupõe a existência de grupos humanos puros, fisicamente distintos e
separados por fronteiras, as quais a mistura dos corpos viria pulverizar. O
fenômeno da mistura tornou-se realidade quotidiana, visível nas ruas e nas
telas. Multiforme e onipresente, associa seres e formas que, a priori, nada aproximaria. (BHABHA, 1998,
p.131)
A imprevisibilidade e a
fragmentação como tônicas deste universo pós-colonial supõe uma convergência de
elementos estrangeiros uns aos outros em um ajustamento mútuo, uma
reorganização contínua e perene, atribuindo novo sentido ao envelhecido ou
ultrapassado, em constante elaboração. Em princípio, tais desdobramentos podem
parecer distantes da realidade vivida na capital, de onde emana o poder, mas é
emergente na periferia, Hall (2003, p. 47) sugere que o modelo centro-periferia
é que está desabando, assim, logo afetará de algum modo o centro do poder
político e cultural do país.
No epílogo dessa
análise chama-se a atenção às diferenças de gênero que subjazem desde uma visão
geral até momentos específicos. A narradora ao longo do texto não fala de seu
marido, sabe-se dele por ter sido o motivo principal de seu deslocamento, e,
acredita-se genitor de mais dois filhos, além daquele que veio junto no trem no
início da narrativa, ou seja, sabemos que existe e que sua decisão motivou o
deslocamento. Aceitar a oferta de um emprego atrativo mostra, por um lado, que
o emprego público da narradora não era a principal fonte de renda da família,
se assim não o fosse, o deslocamento perderia seu sentido; e por outro lado,
pode indicar uma decisão unilateral, já que a narradora deixa claro que morar
perto da família proporcionou a ela o suporte necessário para a maternidade,
trabalho e carreira universitária. Ao longo do texto as pessoas a que faz
referência direta são “compañeras” com raras exceções; dialoga pelas cartas com
sua mãe e irmã. Ao pai conta um caso e fala de uma fotografia emblemática da
história recente uruguaia, chamada “Río de Libertad”. A diferença de gênero
fica clara quando se observa o seguinte trecho:
Saben que en las reuniones con amigos, se da una cosa
extraña. Si es em casa de gente que es de Rivera, siempre, los hombres están en
un lugar y lãs mujeres en otro. Si La reunión es en la casa de los que vinimos
de otros lados, los hombres y mujeres estamos juntos y la conversación fluye
con total naturalidad. Pregunté porque era así, y me dijeron que és así , no
más. Una
costumbre (AZPIROZ, 2008, p. 2).
Há um conflito abafado
na percepção da narradora, um embate fronteiriço acerca da diferença cultural
entre gêneros e localidades. O trânsito da narradora entre as localidades
(geográfica e cultural) cria um espaço liminar, nas palavras de Bhabha (2003)
“[...] essa passagem intersticial entre identificações fixas abre a
possibilidade de um hibridismo cultural que acolhe a diferença sem uma
hierarquia suposta ou imposta”, ou seja, o estranhamento de Margarita não a
afasta, ao contrário, vê do lado brasileiro da fronteira um modo diferente de
afirmação. O espaço doméstico torna-se o lugar da fronteira cultural entre a
reafirmação das tradições em conflito com a pós-modernidade, entre a antiga e a
nova posição da mulher na sociedade latino-americana. O estranhamento de
Margarita é um fenômeno dos ambientes pluriculturais onde o sujeito busca
temporalmente um novo posicionamento identitário, sobre isso Pratt nos diz que:
não é verdade
que um indivíduo escolherá frivolamente entre vários valores como se estivesse
escolhendo comida em um bufê. Se você procura uma definição de si mesma, se vai
em busca de uma identidade, isso é um projeto vital, exitencial e muito
fundamental (PRATT, 1999, p. 27).
Por fim, Margarita
narra sua experiência de reconstrução da própria identidade, desconstrói o
estereótipo de mulher passiva e inteiramente submissa relacionada à identidade
feminina. Embora seu deslocamento tenha sido para seguir o marido, Margarita é
personagem ativa, rompe com seu passado e se insere num espaço intersticial
onde ela muda a si e colabora para mudar o entorno de si.
A guisa de conclusões
ao encerrar-se aqui essa análise, deixamos claro que não se esgota aqui as
áreas passíveis de serem exploradas em outra oportunidade, a crônica de Azpiroz
é um texto rico, abundante em significação assim como o é o ambiente de
fronteira.
SUBALTERN ALMOST UNKNOW: A
CHRONICLE OF THE BORDER
ABSTRACT: This article aims
to take a reading of the text Crónica Fronteriza (Chronic Border – 2008) of
Margarita Azpiroz in lIght of Latin American literary criticism. In this study,
we analyze closely the route of the narrator and his subject change in the
timeline, there is the phenomenon on in-between place according the theory of
Homi Bhabha. The displacements of linguistic and cultural identity elements are
present in the narrative, beyond the diaspora and multiculturalism, wich makes
it the ideal text for literary studies. This text won the “First Contest
Chronicles and Tales of the Border” conducted in 2008 by the Ministerio Del
Desarollo Social del Uruguai and Minitry of Foreign Affairs of Brazil.
Key-words: narrative
journey, in-between; diaspora.
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